segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A Expansão Mercantil Europeia na História da Educação do RN

Alex Carlos Gadelha

     Segundo a historiadora Marta Maria de Araújo, o avanço de Portugal sobre a Capitania do Rio Grande “já pressupunha a sua inserção na lógica da expansão mercantil europeia” (ARAÚJO, p. 209). O contexto histórico-ideológico que circunda esse avanço está configurado como um período de transição do feudalismo para o capitalismo, quando a centralidade da religião na explicação do mundo é substituída por uma visão antropocêntrica, onde o homem assume o lugar de responsabilidade pela construção da própria história. Essa concepção é fruto das ideias do Renascimento e do Iluminismo, movimentos cuja essência política, cultural e filosófica enfatizava a lógica e o raciocínio como método para explicar, conhecer e dominar a natureza. De um lado, esse pano de fundo contribuiu para a superação dos limites geográficos, econômicos e intelectuais postos pela religiosidade Medieval, de outro, instaurou o modo de produção capitalista na Europa Ocidental que desembocou nas terras conquistadas.


De acordo com Nicolau Sevcenko, a expansão mercantil nascida no século XV exigiu um maior volume de moedas e mercadorias para o mercado europeu, mas “[...] a escassez de material precioso, os elevados preços do monopólio italiano das especiarias e a morosidade da oferta de produtos orientais, ameaçavam paralisar o impulso extraordinário do comércio” (SEVCENKO, p. 8). Para superar tais ameaças e impulsionar o desenvolvimento econômico, as monarquias investiram nas navegações ibéricas, na busca de novas rotas marítimas para Ásia e África e na descoberta de novas terras. Neste contexto, o Brasil é “descoberto” para ser explorado, com o objetivo de sustentar a economia de Portugal, bem como a ostentação de sua Monarquia.


Na Capitania do Rio Grande, sob os interesses de lucro da Coroa Portuguesa, a produção econômica centrava-se em produtos agropecuários. Araújo explica que

No Seculo XVII, na Capitania, criavam-se cabras, cabritos, porcos, éguas, cavalos e toda sorte de gado, de cujo leite faziam-se queijos e requeijões para comercialização. Colhiam-se excelentes madeiras, pau-brasil e óleos vegetais. Explorava-se a pesca marítima. Plantavam-se o feijão, o arroz, o algodão, a cana-de-açúcar, o tabaco, a mandioca, a abóbora, a mamona e árvores de frutos, bem como se fazia a extração do sal. Tinha-se água farta e doce. Mas, foi, sobretudo, o criatório de gado, a produção de algodão, de couros salgados, de azeite de mamona, de peixe-seco, de aguardentes e de rapaduras, além da extração do pau-brasil, da madeira de tatajuba e do sal, que “alimentaram” o desenvolvimento econômico da Capitania. (ARAÚJO, p. 209).


       A Capitania do Rio Grande sofreu um empobrecimento como consequência dos ideais que exaltavam a conquista da natureza, dos povos e das terras pelos europeus. A continuidade nas práticas de exploração em nosso território gerou consequências sociais como o escravismo, a quase extinção dos índios (como os potiguaras), uma tradição política de conchavos e destacadamente a má qualidade que ainda inquieta aos que vivem comprometidos com a educação no Rio Grande do Norte.


Referências:


Sobre a Educação na História do RN:


ARAÚJO, Marta Maria de, Escolarização e missões jesuíticas na Capitania do Rio Grande (1597-1760). Educação em Questão, Natal, v.22, n. 8, p. 206-231, jan/abr. 2005.

Sobre a Expansão Mercantil Europeia

SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. 4ª ed. São Paulo: Atual, 1986.