segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Considerações sobre o filme Escritores da Liberdade em relação a cidadania e a liberdade...


1.      Que concepção de liberdade é trabalhada no filme?
A concepção de liberdade mostrada a princípio no filme “Escritores da Liberdade” é falsa, pois as desigualdades existentes na sociedade capitalista falsificam a liberdade, fazendo-a aprisionada e regrada, porque os “outros decidem para você o que merece e não merece” – expressão colocada por um dos alunos da sala 203. Que liberdade é essa em que o ser humano é negado?
O filme trabalha a liberdade como construção numa luta iniciada na sala de aula, através da percepção do outro sem distinção, vendo as semelhanças na vida de cada sujeito envolvido no processo educacional, marcado pela exclusão e fracasso, acrescidos pela intolerância, negação do outro e das diferenças; além da ausência dos saberes necessários a conquista de uma liberdade verdadeira. Partindo desse pressuposto as aulas da professora Erin Gruel tiveram como objetivo a emancipação dos sujeitos, a autorização de si, construindo autores-cidadãos.

2.      Qual o sentido de cidadania pode ser abstraído do filme? Explicitem.
O filme nos faz refletir e põe em cheque o que realmente compreendemos sobre cidadania.
Como podemos pensar em cidadania quando há uma guerra violenta entre os marginalizados e aqueles que se consideram verdadeiros “cidadãos”? Quando a cidade se torna uma prisão? Quando a educação nega a capacidade dos alunos, e o papel do professor é desvalorizado pela sociedade? São muitas as questões reflexivas colocadas no jogo do pensamento de quem tem uma formação nas bases positivas do capitalismo, é como se tivesse um véu escuro sobre a nossa visão de mundo, sociedade e homem, e este precisa ser retirado.
Na medida em que a trama vai se desenvolvendo, vamos nos apropriando do sentido de cidadania, quando percebemos que ela é uma luta contra as desigualdades, implicando as diversas dimensões da vida humana.
Nessa perspectiva apontamos algumas considerações sobre cidadania colocada por Monteiro Júnior no livro Autores-cidadãos, quando mostra que a autoria ressignifica a concepção de cidadania no sentido de quem a exerce, pois esta exige uma construção teórica passível de alterações, onde a compreensão da mesma requer grau profundo de envolvimento, de participação, enquanto sujeito. O filme mostra muito bem como esse processo ocorre, tendo partida numa sala de aula, em que a professora diz “A verdadeira luta deve ser travada na sala de aula”.

3.      Que relação existe entre educação e cidadania?
A relação existente entre educação e cidadania surge inter-relacionada enquanto limites e possibilidades na ação do cidadão na sociedade. O que nos leva a questionar o tipo de formação a escola oferece e qual concepção de cidadania defende.
Dirigindo nosso olhar ao filme “Escritores da Liberdade” vemos uma ambigüidade de postura presentes numa mesma escola. Uma, em que há uma negatricidade aos alunos, de fracasso, evasão, de uma visão superficial da realidade e do cotidiano desses, a concepção homogênea dos sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem – o que lembra a palestra de Correia “O sofrimento na escola dos professores” quando disse que “Os professores esperam encontrar na escola alunos (visão homogênea) e quando chegam à escola encontram jovens (visão heterogênea), assim, tornando a escola reprodutora na “... Fabricação de sujeitos objetivados, isto é, local de consolidação de uma verdade sobre o que se é e sobre o que se deve ser. Local de definição de comportamento, segundo as noções de normalidade, disciplina e produtividade” segundo nos Jardim (Autores-cidadãos, p. 27).
Já a outra postura, enxerga os alunos com uma carga histórica e psicossocial, apresenta uma positividade neles, busca conhecer os interesses dos alunos para ligar os conteúdos ao cotidiano, percebe e faz perceber-se no outro, quebra paradigmas e conceitos prontos, compreende e proporciona a interação e a discussão do cotidiano provocando a auto-reflexão, mexe com as emoções – a subjetividade dos indivíduos, entende que é preciso construir uma relação de confiança entre professor e aluno, e desenvolve estratégias para superar a ausência da família na escola. Dessa forma, constrói “autores-cidadãos” ou se preferir “escritores da liberdade”.
No final do filme, nos é abordada uma indagação, quando a professora luta para acompanhar sua turma e é questionada quanto à forma que conduziu seu trabalho pedagógico, se este poderia funcionar com outras turmas, e ela responde que não sabe, pois não existe uma receita, mas uma nova concepção do papel da escola na formação de cidadãos, redefinindo a relação entre escola e cidadania.


Mestrandas:
Mary Carneiro, Iandra Fernandes e Francicleide Cesário.

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